We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

III

by Ta'mõi Grisi

/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      $1 USD  or more

     

1.
Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos, Só pode exaltar. Um dia vivemos! O homem que é forte Não teme da morte; Só teme fugir; No arco que entesa Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou tapir. O forte, o cobarde Seus feitos inveja De o ver na peleja Garboso e feroz; E os tímidos velhos Nos graves conselhos, Curvadas as frontes, Escutam-lhe a voz! Domina, se vive; Se morre, descansa Dos seus na lembrança, Na voz do porvir. Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, Que a morte há de vir! E pois que és meu filho, Meus brios reveste; Tamoio nasceste, Valente serás. Sê duro guerreiro, Robusto, fragueiro, Brasão dos tamoios Na guerra e na paz. Teu grito de guerra Retumbe aos ouvidos D’imigos transidos Por vil comoção; E tremam d’ouví-lo Pior que o sibilo Das setas ligeiras, Pior que o trovão. E a mãe nestas tabas, Querendo calados Os filhos criados Na lei do terror; Teu nome lhes diga, Que a gente inimiga Talvez não escute Sem pranto, sem dor! Porém se a fortuna, Traindo teus passos, Te arroja nos laços Do inimigo falaz! Na última hora Teus feitos memora, Tranqüilo nos gestos, Impávido, audaz. E cai como o tronco Do raio tocado, Partido, rojado Por larga extensão; Assim morre o forte! No passo da morte Triunfa, conquista Mais alto brasão. As armas ensaia, Penetra na vida: Pesada ou querida, Viver é lutar. Se o duro combate Os fracos abate, Aos fortes, aos bravos, Só pode exaltar.
2.
você sente na barriga o maxilar vibra ainda, só há duas saídas correr ou lutar minha alma é manchada talvez um genocida me alimento disso que tu sentes não posso assimilar, tenho em mim em grandes quantidades já provoquei muitos cortes em mim mesmo, por diversos motivos e objetivos hoje esse sangue em minha pele não é meu enquanto perde sua força me enche de dopamina, minha boca saliva me instalando feito parasita, mesmo que por sorte escape, uma bomba relógio silenciosa dentro de sua cabeça, seu corpo invadindo seus sonhos, seus planos de sobrevivência tarde demais para se aliar não me comove outros pontos de vista Sou deus em seu falido império e em suas orações vou estar pelo bem ou pelo mal.
3.
Voltaremos nos filhos dos filhos Nos netos dos netos, irmãos! Seremos Parte da pele, do sangue e teu banzo, A busca pela ciência oculta Estas inciáticas, ritualísticas, devocional. Na encruzilhada o encontro, por onde passar, brilhe feito as velas a lamparina acesa, eternamente até tornar-te perfeito. Marque nas tranças o caminho pra Paz faço, desfaço e mostro nos encantos guiada, enterrada Honrando os mortos, como andam se transformam e refaz quantas vezes forem necessárias Nas Sombras, como segredos singularidades das estruturas, intuído, acidental na resistência pelas cores mantenha escondido! Contemple, não perca se a unica certeza, esta a sua confiança no que sente e realmente tornando ser as ervas, cascas, sincréticas ao caos total.
4.
Meseba-ayba 02:44
Erupções Cutâneas, Deformidades, Pus e sangue escorrendo pela pele, calamidades Desembarca acompanhada do terror outras mais aqui fez morada cobiça, domínio e pólvora Geneticamente Patológico "Vós Perós sois mentirosos!" Pela coragem de usar da maldade Quando morrer, comerei seu coração - Entenda, para todos, isso é Honra! Séculos se passam, país hipócrita, fogo na mata fome, circo, bunda e crack violência, D.S.T. e MANIPULAÇÃO PELA SEMIÓTICA MESEBA-AYBA - "nosso jeitinho brasileiro" .
5.
Sinceramente?! Penso na morte a todo momento Aumentando a frequência e intensidade por todos os ângulos que os limites permitem Talvez estarei em festa quando a Morte finalmente chegar As vezes ela me parece a única solução mas não a quero por hora, a amo e a odeio - não estou certo das medidas. Delírios, uma doença patológica Obsessão, onde habitam meus medos. Viciado em Caos, sei o destino de tudo isso mas, não sei se estou realmente alienado ou se é só o cinismo motivado pelo cansaço. Talvez estarei em festa quando a Morte finalmente chegar, Talvez estarei em festa quando esse mundo acabar.

about

“III” é terceiro EP de Ta’mõi Grisi.
Da literatura brasileira ao surto psicótico, enigmático e mais experimental que nunca, sonoramente soando subversivo aos ouvidos conservadores do metal e da macumba.
Em memoria de Dionéia; Gratidão a todos os meus queridos mortos, amigos e familiares.

Participação nas atabaques das faixas 2, 5:
Welligton Landim e Paula Guimarães.

Ta'mõi Grisi, 22/09/2023

credits

released September 22, 2023

license

all rights reserved

tags

If you like III, you may also like: